victor, não resisti!


from: Victor da Rosa
to: erica zingano 
date: Wed, Dec 2, 2009 at 12:53 PM
subject: pra você

perfeito, flor;
é isso mesmo.
não é um no lugar do outro, não.
são as escolhas mesmo e o que as escolhas fazem na gente.
são as diferenças de cada um e as forças de cada um.
é que pra achar as brechas eu acho legal que a gente tente fechar os caminhos do outro, quando há extrema confiança no outro, e o outro assim tem que se virar pra achar suas novas brechas.
é um exercício.
te mando uma foto a título de brincadeira e um poema, aqui em baixo, que possa dialogar com estas coisas todas.
um beijo enorme em você,
victor.


máscara líquida
o mar é máquina
de retratos



EU/ largo do machado, rio de janeiro, out/dez-2009

Waléria Américo
(Fotos por Waléria Américo)

EU/ largo do machado, rio de janeiro


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from: waléria américo
to: erica zingano 
date: Sun, Dec 6, 2009 at 12:19 PM
subject: eu's


eu direto do tapete voador
querida eriqueta também me encontro em trânsito, não importa onde me encontre algo se move aqui dentro e ultimamente tenho pensado em movimento, mas é como se eu podesse dilatar esse lugar e com mais atenção depois do nosso último encontro muitos acontecimentos e a compreensão do que realmente pode significar a palavra sentida que é realmente o acontecer, pouco antes desse estado estive em temporada dentro da minha própria cidade e seu eu me convidou muito a enfim usá-lo, com verdade esperei o tempo certo, mas permaneceu na gaveta, sua lembrança era diária, até o dia que em viagem coloquei na mochila dois eus brilhantes, e andei por dias, fiquei elaborando possíveis imagens mas ando meio cansada de separar as coisas, o pensar e o fazer, decidi que é preciso sobrepor esses dois momentos, e um dia sem muita explicação me deparei com duas hipóteses sobre o meu eu, quando apropiados simplesmente aconteceu, dividi com o outro a idéia, que tinha um começo sem fim, daí tenho dois pequenos vídeos que edito da situações, sei que a água tem feito um efeito novo em meu corpo, corpo que parece não ser mais o mesmo de 2 meses pra cá, pego emprestado pensamentos que não são meus mais de certa maneira conversam comigo, andei chorando e rindo muito, lembrei que é na água que o peixe vive, e que mesmo com mania de acomodação esse bichinho é quitamente inquieto, mas sem muita teoria, juntei pedaços de eus diferentes e misturei tudo afim de me perder, penso que o eu é encontro também, tive vontade de picotar com a tesoura meu eu em pedaços pequeninos, mas nem foi preciso, um dia andando e por impulso ouvi sinos, e como a música tem se tornado importante e vital ultimamente, vi a minha frente água, a água era parada, concentrada, meio fonte que não funciona, mas o vento ali faz mover, mesmo que não pareça, e se o movimento existe abri a mochila e abadonei por lá meu eu, por acaso ou não, ao tirar da bolsa vi que já tinha algo fora do lugar, um pedaço de eu ficou, e isso não foi acidente, tão pouco de propósito, gostei e fiz imagens invertida, procurando chão flutuante, te envio algumas imagens difusas que colecionei pra ti, parece que entre o verde e azul meu eu tenta se comunicar, de brilho estourado e ainda com tentativa de visão aérea é uma das situações para o meu eu que não pode agora parar, gostei de realizar isso, e de alguma forma me conecto a ti, pois enquanto pensave no eu em movimento, recebo seu email com endereço do blog, adorei, e adorei mais ainda saber que quando estamos em alerta tudo se comunica, mesmo ainda sem os vídeos finalizados, me tomo por uma vontade de te escrever, com a sensação de sua presença distante e íntima, te dou meus eus, generosamente com me mandou, e faça o que deve achar bom com isso, a outra situação para o vídeo tem água camuflada, é meio performance e corpo, sem cidade, mas a cidade é coisa que levamos junto, cada vez mais penso na paisagem dentro do corpo, sinto uma enorme vontade de malhar outro forma de engolir o mundo, não é mas só olho que vê, que depois age no espaço, agora entro no espaço de vez e é junto que vou construir outro sentido pra tudo que faço, começo a entender o possível e é antes necessário uma pausa em play, feito bicho que muda de pele realizei um banho onde o eu estava nas costas de outro em movimento vertiginoso é arrancado, parece com mudança e se o eu não está no mesmo lugar acho justo está contido no processo que sem explicação precisa ou meio e fim começa, mesmo com a inteligência de saber que o começo é sempre linha imaginária.
em breve te mando os vídeos.
da sua amiga quase fotógrafa e quase qualquer coisa
ainda brincando de ser livre.
muitos beijos
wal

em tyler noble,


EU/ praia do matadeiro, florianópolis, 01/12/09

Victor da Rosa
(Fotos e vídeos por Lucila e Roberto)  


EU/ praia do matadeiro, florianópolis

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from: Victor da Rosa 
to: erica zingano 
date: Wed, Dec 2, 2009 at 12:07 PM
subject: RE: notícias do EU

ontem, um pouco influenciado pelo lindo email da ana - e influenciado também pelo dia de sol que fazia, não posso negar - fui na praia do matadeiro, que sempre foi minha praia preferida aqui de florianópolis. a princípio pensei em fazer na lagoa da conceição, que é um lugar mais conhecido e mais simbólico e tudo isso, mas preferi o matadeiro porque tem 1) uma lagoa 2) uma praia brava e 3) uma praia com mar tranquilo bem do lado, a armação; ou seja, três opções de superfície, digamos, diferentes. depois, na lagoa sempre tem muita gente e eu não queria isso. chamei minha namorada e um amigo nosso, ambos artistas, mas não estava muito preocupado com o fato de serem artistas - chamei mais porque eles têm inúmeras máquinas fotográficas, dirigem carros (eu não dirijo) e gostam muito mais de praia do que eu - pois assim teria alguém também pra me ajudar e pra conversar. 


um ponto: fazia muito vento. outro ponto: a praia do matadeiro é violenta, brava. sobre isso, eu vou dizer que a estrutura das letras acaba sendo frágil demais. talvez, pra estas situações, a letra deva ser feita com um material um pouco mais duro, resistente. logo que uma onda aparece, no matadeiro, mesmo na beira, a letra não resiste e vira qualquer coisa. é um pouco legal isso também, mas não acho tanto, na verdade. é mais bonito quando a letra vira qualquer coisa mas oferece alguma resistência, imagino. confesso que fiquei um pouco decepcionado nesta parte. no mar, então, acabei tendo que fazer as fotos naquela parte da areia que fica molhada, onde a onda chega bem mansa, e não no marzão mesmo como eu queria. outra coisa é que tem vários sirizinhos muito simpáticos no matadeiro e eu queria pegá-los em alguma foto - fiquei pensando na presença de bichos depois da cadela que fez companhia pra ana - mas infelizmente não consegui.


outra coisa é que optei por mandar as fotos em que aparece apenas partes do meu corpo. fiquei pensando muito sobre isso: se meu corpo deve aparecer ou não. achei interessante por exemplo esconder o rosto, mas não os braços. nas fotos da érica ela sempre aparece, por exemplo. é possível reconhecê-la. nas fotos da ana, pelo contrário, ela não apareceu, mas apareceu parte de sua saia ou seu pé, se não estou enganado. também não pedi pra que ninguém ficasse em silêncio: a voz do roberto aparece bem baixa em um momento do vídeo. outro acaso feliz foi a sombra da lucila. acho que estes limites entre aparecimento e desaparecimento podem ser legais. afinal é de subjetividade - e de corpo, portanto - que estamos tratando.


mando algumas fotos - estou deixando muitas de fora - e dois vídeos. os dois vídeos são apenas do lago e não do mar. os vídeos do mar não ficaram bons, acho, porque não há movimento nenhum das letras. espero que vocês gostem. a érica eu sei que vai gostar.


beijos a todos,
victor.

em franz kafka (disfarçado de gregor samsa),

"Ao despertar pela manhã após ter tido sonhos agitados, Gregor Samsa encontrou-se em sua própria cama transformado num inseto gigantesco. Estava deitado de costas - endurecidas tal qual uma couraça - e ao erguer um pouco a cabeça conseguia ver seu ventre marrom e abaulado dividido em segmentos rijos arqueados, sobre os quais a colcha não se mantinha, estando prestes a escorregar completamente para o chão. Suas inúmeras pernas - miseravelmente finas comparadas ao resto do volume de seu corpo - agitavam-se desordenadamente ante seus olhos." (in: A Metamorfose)

em odair josé,






Olha, a primeira vez que eu estive aqui
foi só pra me distrair
eu vim em busca do amor

Olha, foi então que eu lhe conheci

naquela noite fria
em seus braços meus problemas esqueci

Olha, a segunda vez que eu estive aqui

Já não foi pra distrair
Eu senti saudade de você

 

Olha, eu  precisei do seu carinho
pois eu me sentia tão sozinho, já não podia mais lhe esquecer

Eu vou
 tirar você desse lugar
eu vou 
levar você pra ficar comigo
e não me interessa o que os outros vão pensar
(2x)

Eu sei que 
você tem medo de não dar certo
pensa que o passado vai estar sempre perto
e que um dia eu posso me arrepender


Eu quero que 
você não pense em nada triste

pois quando o amor existe
não existe tempo pra sofrer

Eu vou tirar você desse lugar
eu vou 
levar você pra ficar comigo
e não me interessa o que os outros vão pensar

(2x)

em artur v. cordeiro,

from: Artur V. Cordeiro
to: erica zingano 
date: Fri, Dec 4, 2009 at 10:15 AM
subject: EGOCOSMO



Pessoas queridas do meu www.domínio.vida,


Na próxima quarta-feira, que será um 9 de dezembro de 2009, na hora quatorze do dia, vou botar o pingo no i da estória que começou em 2002, o vestibular, e termina completamente transformada com a graduação em Arquitetura e Urbanismo pela querida, gozada e sofrida, Universidade Federal do Ceará. Por acaso, essa denominação não podia ser mais apropriada: o pingo é o EGOCOSMO, um abrigo hipotético. 


O EGOCOSMO é fruto (conceitual) do nosso projeto apresentado na 6ª Bienal de Arquitetura de São Paulo, em 2005. Assim como o projeto da Bienal, o EGOCOSMO foi desenvolvido com a orientação do professor mais visionário de todos os tempos, o professor Doutor Marcondes Lima, que trouxe influências de suas andanças pela África, sua especialização e mestrado na Inglaterra, doutorado na Austrália, e sua paixão pela Terra do Brasil. 




Estão todas as pessoas queridas convidadas para este momento especial, porque não é todo dia que a gente bota pingo no i.
Sem essa de 404 not found, quero ver vocês naquele dia 9 na hora 14.


Um abraço egocósmico!

em victor da rosa,


luz fraca na boca
e branco, tudo
muito branco: os objetos,
a cortina, o céu, as mãos brancas
esticavam a saliva
- nunca estive tão perto, espere -
agulha mole na pele mas --- nenhuma dor
a pele morre aguda após
a primeira pergunta: 
nós dois
vamos para o céu quando acabar tudo isso?


quando me perco em uma cidade estrangeira
e olho para o mapa que é também uma cidade
inteira no bolso da calça
é como se a imagem do instante em que me perco
ficasse presa para sempre no papel

em yvonne rainer,

Trio Film (1968, 13:00, b&w, silent, 16mm to video)

Two nudes, a man and a woman, interact with each other and a large balloon in a white living room. Performed by Steve Paxton and Becky Arnold. Camerawork by Phill Niblock.


EU/ itamambuca, ubatuba, são paulo, 29/11/09

Ana Rüsche 
(Fotos por Ana Rüsche)  



EU

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from: ana rüsche
to: erica zingano 
date: Tue, Dec 1, 2009 at 12:31 PM
subject: RE: notícias do EU

querida,

o rio mudou de curso.

tive que voltar até essas coisas assustadoras da mais tenra infância para ver, anteontem, que o riozinho lá de itamambuca, esse velho amigo, assim, de uma hora para outra, sem avisar ninguém, mudou radicalmente seu curso.

ele sai agora da ponta norte da praia e cruza muitas ruas até chegar ao mar. antes se esgueirava pelas pedras, muidinho.

aproveitei para largar o 
eu no novo curso. até uma vira-latinha, meio canekiana, me deu a honra de auxiliar a performance.

as fotos estão com o dia nublado, como devem ser, em ubatuba raramente faz sol. o vídeo também, foi o que consegui fazer com meu maior carinho e ternura.




mando essa luz toda, onde digitamos, assim, sempre meio distraídas

ana rüsche | 
www.anarusche.com


EU/ duas marias, jaguariúna, são paulo, 15/11/09

Roberta Ferraz 
(Fotos por Érica Zíngano e Lucas Simões)


EU/ duas marias, são paulo

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em as frenéticas,





Eu sei que eu sou bonita e gostosa
E sei que você me olha e me quer
Eu sou uma fera de pele macia
Cuidado, garoto, eu sou perigosa

Eu tenho um veneno no doce da boca
Eu tenho um demônio guardado no peito
Eu tenho uma faca no brilho dos olhos
Eu tenho uma louca, dentro de mim

Eu sei que eu sou bonita e gostosa
E sei que você me olha e me quer
Eu sou uma fera de pele macia
Cuidado, garoto, eu sou perigosa

Eu posso te dar um pouco de fogo
Eu posso prender,você é meu escravo
Eu faço você feliz e sem medo
Eu fazer você ficar louco

Muito louco,
Muito louco, muito louco

Dentro de mim
Eu sei que eu sou bonita e gostosa
E sei que você me olha e me quer
Eu sou uma fera de pele macia
Cuidado, garoto, eu sou perigosa

Eu posso te dar um pouco de fogo
Eu posso prender,você é meu escravo
Eu faço você feliz e sem medo
Eu fazer você ficar louco

Muito louco,
Muito louco, muito louco

Dentro de mim

em roberto carlos,



Eu sou terrível
E é bom parar
Com esse jeito de provocar
Você não sabe
De onde venho
O que eu sou
Nem o que tenho

Eu sou terrível
Vou lhe dizer
Que ponho mesmo
Pra derreter
Estou com a razão no que digo
Não tenho medo nem do perigo
Minha caranga é máquina quente

Eu sou terrível
E é bom parar
Porque agora vou decolar
Não é preciso nem avião
Eu vôo mesmo aqui no chão

Eu sou terrível
Vou lhe contar
Não vai ser mole
Me acompanhar
Garota que andar do meu lado
Vai ver que eu ando mesmo apressado
Minha caranga é máquina quente

Eu sou terrível, eu sou terrível...

em ana rüsche,

a canção do limpa-vidros

eu, um peixe de aquário, gordo,
consumindo o que surge dessas águas turvas.

os passantes lá embaixo como polvos de patins,
uma menina com um buraco-negro a tira-colo e
chicletes.

ao lado dos jornais de internet,
meus cactos morrem em sua compulsão por água.

os ursos polares serão extintos pelas geladeiras.
na austrália, baleias se suicidam na areia.

continuo consumindo qualquer coisa que brilhe um pouco,
eu, um peixe a apodrecer gordo nessas águas sujas



(lá do antigo peixe de aquário:
 http://peixedeaquario.blogspot.com/2006/05/cano-do-limpa-vidros.html)

EU/ france, ago-set/09






















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EU/ canal de l'ourc, paris, 31/08/09
Érica Zíngano e Sofi Hemon 
(Fotos por Érica Zíngano e Sofi Hemon)


EU/ canal de l'ourc, paris

EU/ canal de l'ourc, noir et blanc, paris, 31/08/09
Sofi Hemon 

(Fotos e vídeos por Sofi Hemon)


EU/ canal de l'ourc, noir et blanc, paris







EU/ drôme, france, 21/09/09
Sofi Hemon 

(Fotos e vídeos por Sofi Hemon)


EU/ drôme, france












EU/ atelier, paris, 23/09/09
Sofi Hemon 

(Fotos e vídeos por Sofi Hemon)


EU/ atelier, paris